Em tempos onde deveríamos estar caminhando para uma sociedade mais justa e inclusiva, somos lembrados, por palavras e ações de figuras públicas, de como ainda é forte o preconceito contra a comunidade LGBTQIAP+. A hipocrisia da extrema direita e do governo municipal, que usa do discurso da moralidade, enquanto fere os direitos básicos de respeito e dignidade, torna-se cada vez mais evidente.

Já recebemos uma denúncia alarmante: o Secretário do Governo Paranhos, em um grupo político, fez “piadas” homofóbicas sobre o atleta Arthur Nori. Esse episódio, que demonstra uma postura de desrespeito, não é um caso isolado, mas sim um reflexo de um governo que já se posicionou publicamente contra direitos fundamentais da comunidade LGBTQIA+.

Em debates anteriores, o próprio prefeito Paranhos declarou ser contra o casamento entre pessoas LGBTQIA+ e mostrou-se desconfortável com qualquer demonstração de afeto entre casais LGBTQIA+ em público. São opiniões que, em vez de promoverem a inclusão, apenas reforçam o preconceito e a marginalização. A liberdade de amar e de expressar afeto é um direito de todos, e o desrespeito a essa liberdade só evidencia o conservadorismo e o retrocesso promovidos por figuras que deveriam representar todos os cidadãos.

Não estamos mais dispostos a aceitar esses comentários e atitudes LGBTQIA+fóbicas como “brincadeiras” ou “opiniões pessoais”. Esses comportamentos são discriminatórios e promovem um ambiente de insegurança e hostilidade para a nossa comunidade. Respeito é algo que vamos cobrar, e não recuaremos diante dessas demonstrações de intolerância.
Homens que atacam pessoas LGBTQIA+ com falas homofóbicas muitas vezes o fazem para reafirmar uma visão distorcida de masculinidade, tentando se destacar em um padrão machista que os próprios homens heterossexuais criaram e reforçam. No entanto, essa necessidade de ridicularizar e diminuir homens gays expõe uma masculinidade frágil, sustentada no preconceito e na insegurança. Ser homem não está condicionado à orientação sexual, e homens gays não deixam de ser homens por amarem outros homens. Atitudes homofóbicas, na verdade, revelam mais sobre as limitações e o medo de quem as pratica do que sobre as vítimas. Elas evidenciam uma tentativa de compensar inseguranças pessoais e reproduzem um comportamento tóxico que prejudica a sociedade como um todo.

Para a comunidade LGBTQIA+ e seus aliados, fica o recado: é fundamental que tenhamos representatividade política, pessoas que realmente nos defendam e lutem por nossos direitos. A presença de membros da nossa própria comunidade em cargos de poder é essencial para garantir que a luta por respeito, dignidade e igualdade seja levada a sério. Precisamos ocupar esses espaços, falar por nós mesmos e fazer com que nossa voz seja ouvida.

Vamos resistir e construir um futuro onde o amor e o respeito prevaleçam, independentemente de quem amamos ou de como nos identificamos.

Duda Jankauskas
Bióloga, Pedagoga atuante diretamente com crianças e adolescentes em vulnerabilidades e trazendo reflexões sobre quem são na sociedade e suas lutas.
Presidente do Movimento de pessoas Trans e travestis de Cascavel