Cortesia com Chapéu Alheio: O Show Patético do Transporte Coletivo

Cortesia com Chapéu Alheio: O Show Patético do Transporte Coletivo
Publicado em 05/01/2025 às 16:04

Na manhã deste último domingo, o “Domingo do Passe-Livre” virou o assunto mais comentado das redes sociais, com vídeos circulando em grupos de WhatsApp e gerando uma enxurrada de memes e risadas. A cena era patética: Renato Silva, um cidadão que aparentemente nunca havia andado de transporte coletivo, decidiu experimentar a gratuidade da passagem. O desconforto estampado em seu rosto falava por si só. Ao lado dele, Henrique Mecabô se sentia como um peixe fora d’água, enquanto secretários estavam lá apenas para o registro fotográfico, e alguns desempregados tentavam impressionar o Prefeito.

A pergunta que fica é: quem desses, com sorrisos amarelos e rostos desconfortáveis, estará amanhã espremido nos ônibus? A resposta é clara: nenhum deles!

Fiz uma conta básica e, pasmem, os R$ 16 milhões que Renato obteve de forma inexplicável poderiam financiar mais de 3 milhões de passagens, considerando a tarifa de R$ 4,65. Em meio a essa reflexão, lembrei de uma matéria datada de agosto de 2022, que trazia o alarmante título: “Transporte público: Cascavel perdeu 50% dos usuários em 2021”. Antes mesmo da pandemia, o setor já enfrentava uma queda significativa no número de passageiros, situação que se agravou desde 2020.

Larissa Boeing, na mesma matéria, destacou que desde o início da pandemia, o Poder Público tem subsidiado parte da tarifa para manter o sistema funcionando. Para se ter uma ideia, se compararmos 2021 a 2019, a queda no número de usuários é de cerca de 50%. Embora uma parte tenha sido recuperada, a média diária de 55 mil utilizações ainda está longe dos 75 mil de antes da pandemia. “Recuperamos um pouco, mas ainda é pouco”, disse Larissa.

Outro dado alarmante é que, desde junho, a tarifa para os usuários é de R$ 4,50, enquanto o custo total do serviço é de R$ 7,10 – uma diferença que o Poder Público tem arcado. Com uma frota de 151 ônibus e 61 linhas que abrangem a maior parte da cidade, o futuro do transporte público é incerto. Hoje, a passagem está a R$ 4,65, mas a pergunta que não quer calar é: quem irá subsidiar esses valores? Nós, claro! Preparem-se, pois um aumento na tarifa é praticamente garantido, com promessas de justificativas a rodo.

Esse cenário me lembrou do ditado “fazer cortesia com chapéu alheio”, que significa agir generosamente para benefício próprio, utilizando os recursos de terceiros. Esta expressão cai como uma luva na situação atual do transporte público. No fim das contas, aqueles que fazem “cortesias” com o dinheiro público são os mesmos que não conhecem o desconforto de um ônibus lotado. Sem mais palavras por hoje, fica a reflexão: quem realmente paga a conta? Nós, como sempre.

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Editor Chefe: Evandro Nicolao

Departamento Jurídico: Dr Moacir Vozniak

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